quinta-feira, 31 de março de 2011

Heloísa Helena


Violência em Alagoas “A mão que puxa o gatilho nem sempre é a mesma que porta a arma!”


Heloísa Helena  


O debate sobre a violência em Alagoas e no Brasil possui contornos diversos na vivência política local! Nos esconderijos palacianos são construídas versões para todos os gostos; ora negam com cínica veemência a brutalidade das estatísticas, ora discursam os números com fingida preocupação - como se novidade surpreendente fosse - apenas de olho nos recursos financeiros que poderão vir. Enquanto isso... a barbárie humana se agiganta lá fora!


Há muitos anos que eu e muitos outros alertamos para a gravidade do perfil epidemiológico em nosso estado, especialmente quando relacionado às chamadas Causas Externas Mortes Violentas, principal causa de mortalidade dos nossos Jovens de 15 a 24 anos e portanto o principal problema de Saúde Pública também! Fomos duramente criticados por denunciar, propor e cobrar mecanismos de superação da triste realidade, fartamente demonstrada nas frias estatísticas oficiais que em silêncio mostram os assustadores gritos de dor e humilhação nas histórias de vidas destruídas. Números que mostram especialmente, para quem é capaz de ver além das conveniências pusilâ-nimes com o poder político, a omissão dos governos e suas bases bajulatórias diante dos apavorantes fatos.



Há muitos anos também tenho que relembrar porque os calhordas e ladrões da política local dizem que isso é só falatório que foram construídas muitas propostas concretas, ágeis e eficazes na perspectiva de superação da falsa polarização Prevenção-Repressão e portanto na possibilidade de implementação das melhorias no aparato de Segurança Pública e nas Políticas Sociais.


Ou seja, na Prevenção: as conhecidas Políticas Sociais - educação, música, cultura, esporte, qualificação profissional, inserção no mundo do trabalho - que minimizam o risco de crianças e jovens serem arrastados como mão-de-obra escrava do imundo narcotráfico; e na Repressão: a constituição do Sistema Único de Segurança Pública, com a viabilização do Fundo Nacional e responsabilidades financeiras dos entes federados e repasse de recursos baseado no perfil epidemiológico, populacional e rede instalada; Gestão do Setor com Monitoramento, Fiscalização e Controle Social; Garantia de Valorização Profissional com Piso Nacional Unificado para todos os setores policiais(como ex.: a PEC 300); Promoção da repressão qualificada com Policiamento de Proximidade, Polícia Técnico-científica na investigação e persecução criminal e redução da letalidade policial; Reestruração do Sistema Penitenciário para garantia de reabilitação social e profissional da população encarcerada; etc... Nada de novo precisa ser inventado! Muitas propostas já foram implementadas em muitos lugares demonstrando eficácia e resolutividade com a alteração de indicadores vinculados à violência letal e salvando vidas e talentos.


Quando ouvimos Agentes Públicos verbalizando preocupações sobre o crack e outras drogas fico me perguntando onde eles estavam todo esse tempo? Por que não cobram a estruturação das Forças Armadas e Polícia Federal para impedir a entrada de pasta base de cocaína que entra no país livremente e a produção por laboratórios brasileiros de toneladas de solventes para manipulação dessa porcaria? Por que não impedem a publicidade do álcool, essa droga psicotrópica socialmente aceita e irresponsavelmente estimulada que mata e estupra mulheres e crianças em seus lares além de destruir e mutilar no trânsito? Por que não garantem melhorias objetivas nas condições de vida das populações vulneráveis socialmente? Por que não promovem melhorias nas condições de trabalho e salário dos policiais?


A maioria dos políticos não cumpre suas obrigações porque a miséria humana e a indigência social facilita a manipulação eleitoral e a vigarice política deles! Além de que, os assassinados em sua maioria são filhos da pobreza que a vida miserável já extirpou a delicadeza, a infância, o talento, o amor... E mesmo eu compreendendo que as mortes violentas esmagam o coração de uma mãe em qualquer família, independentemente da sua classe social, local de moradia, escolaridade, cor, religião... sabemos que é fato incontestável a forma diferenciada e inaceitável como as instituições conduzem o procedimento investigatório e a punição dos culpados conforme o poder financeiro do assassino ou da vítima. Portanto lembremos que a omissão e o silêncio cúmplices também assassinam covardemente qualquer chance de construção de uma sociedade ao menos civilizada! Nosso Destino? A Luta e a Esperança!



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