Integrantes do Movimento dos Agricultores Endividados do Nordeste fizeram nesta terça, dia 4, uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Eles fecharam a pista de acesso e cobram auxílio do governo federal para a o perdão ou a renegociação das dívidas de cerca de 500 mil produtores da região, contraídas de empréstimos concedidos pelo Banco do Nordeste.
O total dos débitos é de aproximadamente R$ 10 bilhões. Outra reivindicação é por crédito emergencial para a agropecuária. Um documento com os pedidos será entregue à presidente Dilma Rousseff.
– Nós esperamos que ela receba todos esses agricultores, fale como o presidente Lula falou e diga que vai resolver de uma vez por todas a situação do Nordeste. E resolva – declarou o líder do movimento, Chico da Capial.
A manifestação iniciou pela manhã no Planalto, durante a solenidade que de entrega da casa de número 1 milhão do programa Minha Casa Minha Vida. No final do evento, ao subir a rampa para voltar ao seu gabinete, a presidente foi alertada pelo chefe da segurança e parou para ver a manifestação e questionar sobre do que se tratava.
Com chapéus de palha, os manifestantes portavam faixas com dizeres como: "Presidente Dilma nos socorra"; "Não à discriminação aos agricultores" e "Sem financiamento é sem produção".
– Infelizmente as pessoas aqui não tem acomodação e nós pretendemos ficar aqui acampados na porta do Palácio – disse o diretor da Cooperativa Agropecuária Mista da Região de Irecê (BA), Everaldo Dourado.
Desapropriação de terras
O documento prevê que as dívidas de, no mínimo, R$ 10 mil devem ser perdoadas. Conforme os manifestantes, o próprio manual do banco estabelece uma série de medidas para executar dívidas acima de R$ 15 mil, como apresentação de históricos e justificativas, e que estariam sendo descumpridas. Muitos agricultores contam ter sofrido ameaças e tiveram as terras leiloadas por não terem pago os empréstimos.
Para simbolizar a seca, os trabalhadores empilharam esqueletos de crânios dos animais em frente ao palácio.
– Acham que só tem desgraça longe, o Nordeste é o Haiti brasileiro. Queremos medidas concretas para melhorar nossas condições – disse Fernando Melo, produtor rural de Arapiraca (AL), que possui uma dívida de R$ 35 mil com o banco.
O secretário nacional de Relações Político-Sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wagner Caetano, propôs aos manifestantes uma reunião nesta tarde com os ministros do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho. No entanto, ele disse que não houve consenso.
– Eles têm muita divergência entre si, não conseguem chegar a um acordo. Não dá para receber todos, pedimos que formem uma comissão que os ministros estão dispostos a recebê-los – disse Caetano.
No fim da tarde de terça, a Presidência da República comunicou que os manifestantes serão atendidos pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, responsável pela articulação entre governo e movimentos sociais.
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