Jose Júlio Azevedo
O homem próximo da natureza não é um escravo. O homem de mãos calejadas. suor no rosto. pés descalços.O homem que olha pra o céu é um ser livre. Recebe a eterna energia de Deus, que faz intermediário entre Ele e a Terra. Matéria que nosso espírito anima.
Jardineiro, esse é o seu nome verdadeiro.
Bem-aventurado aquele que conhece esse caminho florido. Caminho oposto à destruição e à violência. Bem-aventurado aquele que ganha à vida com a vida.
Seu nome é lavrador, bóia-fria, posseiro, sem-terra.
Só quem ama a Terra reconhece os valores materialistas de poder, lucro, posse, gana, egoísmo.
Ele olha para o céu. Esse é seu ritual sagrado. Se alimenta do céu para alimentar a terra, cavar o chão, acariciar a planta – que alimentará multidões oprimidas nas grandes cidades.
Ele está dizendo: este é o caminho. Quem ama a natureza reconhece os outros como irmãos. Irmão cafezal, irmão milharal, irmão rio, irmão sol, irmã chuva, irmãzinhas flores.
Ele está dizendo: este é o Caminho. Feito do Tempo, que nos é dado de Graça.
Quem reconhece seu valor?
Quem louva e beija as suas mãos abençoadas?
Apesar da dura vida, trabalho bruto, insegurança no trabalho, mal pago, humilhado e sofrido – seu nome é escravo.
Ele tem o coração cheio daquilo que o dinheiro não pode comprar. Tem um segredo, brilhante como pedra preciosa. Perfeito como ouro.
Esse segredo que o torna artista é o mesmo que torna o artista um lavrador, que cultiva a forma bruta do cimento e do ferro – para comungar com todos a Sagrada Dádiva da Vida.
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